A polícia reforçou, neste fim de semana, os bloqueios nas estradas que ligam Cocalzinho (GO) a outras cidades. 

Veículos que passavam próximo ao local das buscas por Lázaro Barbosa, 32 anos, são parados e, alguns, revistados. A procura pelo foragido, suspeito de assassinar quatro membros da família Marques Vidal, em Ceilândia, em 9 de junho, seguiam intensas até a noite de ontem, por um efetivo de 270 policiais. Um dos agentes que atuam na fiscalização dos veículos entre Cocalzinho e Águas Lindas explica que “há o risco de as pessoas serem coagidas a levá-lo no porta-malas”. A estimativa é de que cerca de 10 carros sejam abordados por minuto nos dois sentidos da via.
O agente preferiu não se identificar, mas confessou que grande parte dos motoristas deixa a área rural dos municípios de Girassol e de Edilândia devido ao medo do foragido. Outra ação recorrente é a migração para as áreas mais urbanas, devido à melhora no sinal de telefone.
A empresária Wylza Gomes, 42 anos, foi uma das moradoras tomada pela tensão devido à ação de Lázaro e decidiu buscar os avós de 87 e 90 anos da fazenda onde vivem sozinhos na área rural de Cocalzinho. O casal agora está com os filhos na parte urbana da cidade. “Tivemos de mobilizar toda a família, ficamos com medo. Qualquer barulho, ficamos naquela insegurança. Eu mesma já acordo e olho o celular atrás de notícias, para saber se ele foi preso. Fica aquela insegurança de ele aparecer no nosso quintal. Durante o dia, a família se reveza para alimentar as galinhas e o gado que ficou para trás. “Tinham aquela rotina de cuidar da fazenda, mudou totalmente, está todo mundo assustado. ”O medo não se restringe mais aos moradores de Cocalzinho. A população de Águas Lindas também sofre constantemente com a tensão. Uma habitante, que preferiu não se identificar, confessou à equipe do Correio que teve até pesadelos com Lázaro. “Eu não vou mentir que tenho medo. Ninguém sabe realmente onde ele está, toda hora falam alguma coisa sobre ele estar em um local diferente. Ficamos preocupados de ele vir para Águas Lindas, porque é longe, mas, ao mesmo tempo, devido aos dias que ele está sumindo, ele pode conseguir chegar aqui”, afirma uma comerciante.Entre os moradores também há muitos questionamentos. Manoel Antônio de Santana, 69 anos, que vive na região há 25 anos, lamenta: “Parece que o caso não acaba”. “Estamos com medo, ninguém acha uma solução, e já são dias procurando esse homem. Sei que os policiais estão lutando, mas a população está realmente aterrorizada. Esse Lázaro consegue escapar de todo mundo, ficar no meio do mato. Agora o pessoal evita sair de casa, todo mundo se protege como pode”, relata.
Insônia
Afonso Ismael da Silva, 63 anos, morador de Águas Lindas e sorveteiro, conta que desde segunda-feira deixou de ir ao serviço, no Guará 2. “Para chegar lá, eu preciso pegar o ônibus às 5h. Mas o meu chefe ficou com medo de algo acontecer por ser muito cedo. Por isso, ele preferiu me deixar em casa para evitar algo ruim. E mesmo lá (Guará 2), eles também estão com medo, porque ninguém sabe quando esse homem vai ser pego ou se ele vai fugir para alguma outra cidade”, diz. O sorveteiro conta que mal consegue dormir. “Todo mundo fica pesquisando as atualizações das notícias. De noite, muitas vezes, nem consigo pegar no sono. É uma situação que deixa todo mundo meio apavorado”, explica.
Apesar do clima de tensão entre os moradores de Cocalzinho e proximidades, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás afirma que as equipes “estão cada dia mais conhecedoras das peculiaridades da área de atuação e do perfil de ação de Lázaro”. Segundo destacam, a operação continua de forma intensiva com as polícias militar e civil de Goiás e do DF, Polícia Federal e Rodoviária Federal, além da Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE-DF).

Fonte: Correio Braziliense

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